quarta-feira, 17 de abril de 2013

(VÍDEOS) Semiótica Peirceana com Prof. Julio Pinto

Para melhor entendimento uma breve palestra do Prof. Julio Pinto.
Júlio Pinto é PHD em semiótica pela Universidade da Carolina do Norte (EUA); Pós Doutor em Comunicação Social pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa; Professor de Semiótica da PUC Minas; Autor de vários artigos e capítulos de livros publicados no Brasil e no exterior; Autor de vários livros publicados em inglês e no Brasil; Autor das obras: “1, 2, 3 da Semiótica” e “Algumas Semióticas”.

Divisão dos Signos.

Segundo Peirce os signos são divididos em tricotomias, Peirce estabeleceu 10 divisões triádicas dos signos, mas há três, as mais gerais que Peirce dedicou explorações mais minuciosas
A Primeira diz respeito ao signo em si mesmo, a segunda é estabelecida conforme a relação entre signo e objeto, e a terceira diz respeito as relações entre o signo e o interpretante.

Quali signo - Sin signo - Legi signo:

Quali-signo: diz respeito tão só e apenas a uma qualidade. Ex. o azul é um determinante.

Sin-signo: é todo signo que é uma coisa existente, um acontecimento real. Ex. Guarda-Chuva.

Legi-signo: é uma convenção estabelecida pelo homem, uma lei. Ex. Placas de Transito.

2º Icone - Indice - Simbolo

Icone: Signo que representa alguma coisa de alguma maneira. Ex. Ícones do computador.

Indice: Signo que está ligado ao objeto porque compartilham alguma propriedade. Ex. Fumaça é um simbolo indicial de fogo.

Simbolo: Signo que se relaciona com o objeto, em virtude de uma associação de ideias produzidas por uma convenção. Ex. A pomba da Paz

3º Rema - Dicente - Argumento

Rema: é o signo que para seu interpretante funciona como signo de possibilidades, que pode ou não se provar. Ex. este, isso, aquilo.

Dicente: Representa o objeto com respeito a sua existência real. Ex. Nenhuma bola é quadrada.

Argumento: signo de uma lei. A expressão abreviada de um signo completo. O argumento contém os dicisignos e é a expressão de todo o sistema comportando regras. Ex musicas.
A expressão abreviada de um signo completo. O argumento contém os dicisignos e é a expressão de todo o sistema comportando regras.







Conceito de Signo (Representamen).

Signo é uma coisa que representa uma outra coisa para alguém:seu objeto. Ele só funciona como signo se carregar o poder de representar ou substituir alguma coisa diferente dela.O signo não é o objeto, só esta no lugar dele.


"Um signo intenta representar, em parte pelo menos, um objeto que é, portanto, num certo sentido, a causa ou determinante do signo, mesmo se o signo representar seu objeto falsamente. Mas dizer que ele representa seu objeto implica que ele afete uma mente, de tal modo que, de certa maneira,determine naquela mente algo que é mediatamente devido ao objeto. Essa determinação da qual a causa imediata ou deter-minante é o signo, e da qual a causa mediata é o objeto, pode ser chamada o Interpretante".
SANTAELLA, Lucia. O que é Semiótica. São Paulo: Brasiliense, 2007

Primeiridade, Secundidade e Terceiridade.

Primeiridade é tudo que está na mente de alguém no instante presente e imediato,é a primeira sensação sentida.
"Consciência em primeiridade é qualidade de sentimento e, por isso mesmo, é primeira, ou seja, a primeira apreensão das coisas, que para nós aparecem, já é tradução, finíssima película de mediação entre nós e os fenômenos. Qualidade de sentir é o modo mais imediato, mas já imperceptivelmente medializado de nosso estar no mundo. Sentimento é, pois, um quase-signo do mundo: nossa primeira forma rudimentar, vaga, imprecisa e indeterminada de predicação das coisas."
 SANTAELLA, Lucia. O que é Semiótica. São Paulo: Brasiliense, 2007

Secundidade é o factual, é a reação aos fatos externos, é o representar de si mesmo, é a ação do sentimento sobre nós.
"Certamente, onde quer que haja um fenômeno, há uma qualidade, isto é, sua primeiridade. Mas a qualidade é apenas uma parte do fenômeno, visto que, para existir, a qualidade tem de estar encarnada numa matéria. A factualidade do existir (secundidade) está nessa corporificação material."
SANTAELLA, Lucia. O que é Semiótica. São Paulo: Brasiliense, 2007 

Terceiridade é a interpretação do fenômeno,é o terceiro dos 3 elementos que constituem as categorias universais do pensamento e da natureza.É quando um objeto passa a representar alguma coisa (signo).
 "Finalmente, terceiridade, que aproxima um primeiro e um segundo numa síntese intelectual, corresponde à camada de inteligibilidade, ou pensamento em signos, através da qual representamos e interpretamos o mundo. Por exemplo: o azul,simples e positivo azul, é um primeiro. O céu, como lugar e tempo, aqui e agora, onde se encarna o azul, é um segundo. A síntese intelectual, elaboração cognitiva — o azul no céu, ou o azul do céu —, é um terceiro"
SANTAELLA, Lucia. O que é Semiótica. São Paulo: Brasiliense, 2007 


Conceito de Fenômeno para Peirce.

"Entendendo-se por fenômeno qualquer coisa que esteja de algum modo e em qualquer sentido presente à mente, isto é, qualquer coisa que apareça, seja ela externa (uma batida na porta, um raio de luz, um cheiro de jasmim), seja ela interna ou visceral (uma dor no estômago, uma lembrança ou reminiscência, uma expectativa ou desejo), quer pertença a um sonho, ou uma idéia geral e abstrata da ciência, a fenomenologia seria, segundo Peirce, a descrição e análise das experiências que estão em aberto para todo homem, cada dia e hora, em cada canto e esquina de nosso cotidiano.
A fenomenologia peirceana começa, pois, no aberto, sem qualquer julgamento de qualquer espécie: a partir da experiência ela mesma, livre dos pressupostos que, de antemão, dividiriam os fenômenos em falsos ou verdadeiros, reais ou ilusórios, certos ou errados. Ao contrário, fenômeno é tudo aquilo que aparece à mente, corresponda a algo real ou não."
O que é semiótica. Lucia Santaella. editora Brasiliense. Coleção Primeiros Passos

Quem foi Charles Sanders Peirce?


Charles Sanders Peirce (1839-1914), cientista, matemático, historiador, filósofo e lógico norte-americano, é considerado o fundador da moderna Semiótica. Graduou-se com louvor pela Universidade de Harvard em química, fez contribuições importantes no campo da Geodésia, Biologia, Psicologia, Matemática, Filosofia. Peirce, como diz Santaella (1983: 19), foi um "Leonardo das ciências modernas". Uma das marcas do pensamento peirceano é a amplição da noção de signo e, conseqüentemente, da noção de linguagem.

Peirce "foi o enunciador da tese anticartesiana de que todo pensamento se dá em signos, na continuidade dos signos" (p.32); do diagrama das ciências; das categorias; do pragmatismo.
Santaella, L. (2001). Matrizes da Linguagem e Pensamento. São Paulo: Iluminuras.

"Ao morrer, em 1914, Peirce deixou nada menos do que 12 mil páginas publicadas e 90 mil páginas de manuscritos inéditos. Os manuscritos foram depositados na Universidade de Harvard. Apenas vinte anos mais tarde, na década de 1930, surgiria a primeira publicação de textos coligidos nos seis volumes dos Collected Papers, editados por Hartshorne e Weiss. Infelizmente, grande parte dos textos aí coligidos restringiu-se a escritos que Peirce já publicara em vida. (...) Nos anos 1950, Burks acrescentou os volumes 7 e 8 aos Collected Papers, nos quais aparecem temas adicionais... tais como a filosofia da mente e algumas da principais correspondências de Peirce com Lady Welby onde estão expostas discussões importantes da teoria dos signos peirceana." (p.6) "...em 1976, sob direção de Max Fisch, estabeleceu-se na Universidade de indiana, com sede em Indianápolis, o Peirce Edition Project... sob os auspícios do National Endowment for the Humanities, para a publicação de escritos cronológicos de Peirce em 35 volumes" (p.7), tarefa que ainda hoje não foi terminada. Hoje o Peirce Edition Project está sob a direção de Nathan Houser.
Santaella, L. (1999). O estado da arte dos estudos sobre Peirce: um breve panorama. In Machado, F.R. (org.) Caderno da 2ª Jornada do Centro de Estudos Peirceanos. Editado pelo CENEPE-COS/PUC-SP.

terça-feira, 16 de abril de 2013

O que é Semiótica? (Conceito por Lucia Santaella)

Segundo Lucia Santaella, semiótica é o estudo geral de todas as linguagens, seja ela verbal ou não verbal.
Lucia Santaella-Pesquisadora e Professora titular da PUC-SP
O nome Semiótica vem da raiz grega semeion, que quer dizer signo.Semiótica é a ciência dos signos.Signos esses que compõem a linguagem.Há que se distinguir duas ciências da linguagem que se desenvolveram no século XX: a lingüística, ciência da linguagem verbal, e a Semiótica, ciência de toda e qualquer linguagem. Em qualquer tipo de fenômeno, a Semiótica busca seu ser de linguagem ou sua ação de signo. Essa consciência de linguagem em sentido lato trouxe a demanda por uma ciência hábil para elaborar mecanismos de investigação e ferramentas metodológicas capazes de abarcar o domínio multiforme e variado dos fenômenos de linguagem.Só para lembrar todo estudo desenvolvido por Lucia Santaella foi baseado nas teorias de Charles Sanders Peirce, esse que detalharemos em outro post.